Informações
Descrição
À origem da palavra cordel está associada às práticas editoriais na Europa Ocidental que visavam ampliar a difusão dos livros. Pequenas brochuras impressas em papel barato eram colocadas à venda em feiras e mercados penduradas em cordões. Portanto, a expressão literatura de cordel significava inicialmente muito mais um modo de exposição para venda do que propriamente um gênero literário. Por extensão, passou a se referir a uma manifestação literária realizada por meio de edições de baixo custo e adaptações de narrativas orais, peças de teatro e obras manuscritas para um público pouco familiarizado com a escrita. No Brasil, a expressão literatura de cordel passou a ser empregada em fins da década de 1950 e hoje em dia é reconhecida pelos próprios poetas como a que propriamente nomeia suas composições em versos. Os vínculos históricos da literatura de cordel com a cultura poética do Nordeste do país e suas narrativas orais, a cantoria, o repente, a embolada, a glosa e a declamação ensejaram a criação de estruturas formais para os poemas, facilitando a memorização dos versos. Em um contexto de oralidade, os padrões rítmicos e métricos funcionam como um resistente suporte mnemônico. Assim, a tríade rima, métrica e oração constitui o alicerce sobre o qual os poemas se assentam. Quando os cânones da rima, da métrica e da oração são cumpridos, a composição poética passa a se inserir em uma longa linhagem literária, transmitida por gerações. Ainda que fortemente ligada, nas suas origens, à cultura nordestina, a difusão da Literatura de Cordel se deve também a fatores ocorridos a partir de meados do século XX como: a migração de grandes contingentes populacionais de nordestinos para outras regiões do país, além de fatores tecnológicos como a radiodifusão, o desenvolvimento da indústria fonográfica e a maior circulação dos jornais encontram-se entre as condições que possibilitaram o registro dos versos em suporte impresso, pois a gravação de pelejas, cantorias e desafios contribuiu para que o folheto impresso se tornasse o suporte da poesia cantada e declamada oralmente. Geralmente medindo 11 x 16 em, em papel de baixo custo e vendidos a preços módicos, os folhetos de cordel costumam ser impressos em uma folha de 30 x 20 cm dobrada ao meio e, em seguida, na margem esquerda, tendo, assim, um número de páginas múltiplo de quatro. As capas merecem um destaque à parte em função da imagem que ilustra o folheto. Não se trata de uma mera ilustração do texto, mas tem função mnemônica, condensando a trama da narrativa, e função metafórica, multiplicando sentidos e significados calcados na observação do cotidiano e da vida social. Dentre todas as técnicas imagéticas já empregadas nas capas, a arte da xilogravura acabou conferindo uma identidade visual ao folheto de cordel de amplo reconhecimento, configurando-se como bem associado à Literatura de Cordel. O exame dos poemas ao longo do tempo revela que os poetas estiveram sempre atentos aos contextos da época e às experiências de vida de seus leitores e ouvintes, abordando novas temáticas, novas linguagens e novos públicos. Isso fez com que a literatura de cordel tenha se mantido ao mesmo tempo vinculada a um repertório que se firmou nas primeiras décadas do século XX e atualizada constantemente, dada a capacidade dos versos rimados traduzirem interpretações do cotidiano e da vida social. A relevância dos significados e valores da literatura de cordel, efetivos e atuais, e sua capacidade de desenvolver formas de transmissão de saber que envolvem múltiplas dimensões para além do ensino formal em muito contribuíram para a formação da sociedade brasileira e a construção da identidade nacional. Esta descrição corresponde à síntese do conteúdo do processo administrativo nº 01450.008598/2010-20 e Anexos, no qual se encontra reunido um amplo conhecimento sobre essa Forma de Expressão, contido em documentos textuais, bibliográficos, fotográficos e audiovisuais. O presente Registro está de acordo com a decisão proferida na 89º Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, realizada em 19 de setembro de 2018.
Data de Registro
setembro 19, 2018
Abrangência do registro
regional
Território já identificado
RJ, DF, AL, BA, CE, MA, PB, PI, PE, RN, SE, SP
Localização
Alagoas - AL | Bahia - BA | Ceará - CE | Distrito Federal - DF | Maranhão - MA | Paraíba - PB | Pernambuco - PE | Piauí - PI | Rio de Janeiro - RJ | Rio Grande do Norte - RN | São Paulo - SP | Sergipe - SE
Livro de Registro
Instituições parceiras
ACAMUFEC
Documentos
Anuência para registro de bem cultural - Cordel | Aviso no Diário Oficial da União - Cordel | Ata de Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural (Registro) - Cordel | Aviso no Diário Oficial da União - Cordel | Dossiê de Registro - Cordel | Certidão de registro de bem cultural - Cordel | Parecer do Conselho Consultivo - Cordel | Parecer Técnico de Registro - Cordel | Pedido para registro de bem cultural - Cordel