Informações
Descrição
Os folguedos do boi estão presentes em grande parte do território nacional, apresentando, em cada contexto regional, variações e denominações diferentes, além de ocorrências em distintas épocas do ano. Dentro da diversidade de nomes e formas de expressões fluidas e variáveis há pontos de confluência e um núcleo comum que se refere a uma trama e personagens que giram em torno do auto do boi, que encena sua motrte e ressurreição. No Norte do país, ela ocorre predominantemente no ciclo junino, ainda que seus preparativos e ensaios se estendam por um período maior. À brincadeira do boi teria chegado à região amazônica por meio das missões jesuíticas em seu esforço para catequizar os povos amazônicos no século XVII, retomando a tradição da “tauromaquia” presente no Mediterrâneo europeu e agregando itens utilizados pelos grupos indígenas e afro-brasileiros. No contexto da migração para a Amazônia, no final do século XIX e primeira metade do século XX, por conta da exploração econômica das seringueiras e da produção da borracha, essas manifestações da brincadeira do boi que ali se encontravam foram influenciadas pelas referências de outras regiões do país, principalmente nordestinas. Seja pela vertente jesuítica, seja pela nordestina, o folguedo do boi se estabeleceu e vicejou na região amazônica e entrelaçou-se com a cultura local, acrescentando também elementos do cotidiano do caboclo amazonense. O Complexo Cultural do Boi Bumbá do Médio Amazonas e Parintins é uma celebração que reúne diversos elementos. É composto por expressões lúdico-artísticas no qual estão reunidas dimensões cênicas, plástico-coreográficas e melódico-percussivas e congrega, na sua natureza de celebração, saberes, ofícios e modos de fazer que delimitam um domínio de práticas que os transubstanciam em diversão e celebração. O Boi-Bumbá é uma expressão disseminada na cultura do amazonense de forma abrangente, o que indica que, apesar do centro de irradiação territorial se localizar no raio do Médio Amazonas, é possível encontrar bumbás em outras regiões e municípios do estado, especialmente no Baixo Amazonas e chegando até ao Baixo Rio Negro. O Complexo Cultural do Boi Bumbá do Médio Amazonas e Parintins congrega as seguintes variantes do folguedo amazônico do boi: o Boi de Terreiro, o Boi de Rua e o Boi de Arena. O Boi de Terreiro apresenta o tema de morte e ressurreição do Boi e traz, em sua estrutura, um andamento ritual em quatro momentos: rito de chegada do Boi; de evolução do Boi; de despedida do Boi; e por último tito de matança do Boi. O Boi de Rua se configura na transição, em parte, do Boi de Terreiro para o espaço urbano no contexto de urbanização da região amazônica. Seguindo, ainda que com algumas variações, uma narrativa similar à do Boi de Terreiro, o Boi de Rua não possui lugar fixo e se desenvolve nos logradouros públicos em interação com os transeuntes e com os moradores que oferecem ao dono do boi e aos brincantes algum tipo de agrado. Tanto o Boi de Terreiro quanto o Boi de Rua apresentam, mais comumente, os seguintes elementos e personagens: Tribo Indígena, Vaqueirada, Pai Francisco, a Catirina, Amo do Boi, Doutor dos Trovões, Doutor das Cachaças, Doutor Cura-Bem, Cazumbá, Tuxaua e Cunha-Poranga. Por volta da década de 1980, decorrente dos Festivais Folclóricos de Manaus e mais tarde de Parintins, surge o chamado Boi de Arena. Esta modalidade do folguedo se estabeleceu de forma especial na cidade de Parintins e apresenta características muito específicas. O Festival Folclórico de Parintins, referência para os estudos acerca do Boi de Arena, ocorre na última semana de junho. Durante três noites, dois grupos de Boi Bumbá, Caprichoso e Garantido, se revezam em apresentações de caráter competitivo. Um corpo de jurados é convidado a avaliar a cada ano a performance e decidir o campeão. O Complexo Cultural do Boi Bumbá do Médio Amazonas e Parintins apresenta elementos que permitem caracterizá-lo como uma forte referência cultural, possuindo uma natureza cerimonial de celebração junina. Dentre esses elementos pode-se citar a relação pai-filho na transmissão da festa; a importância do Boi-Bumbá na construção das identidades sociais, ficando patente a identidade cabocla e indígena que a brincadeira assume na região e o intenso envolvimento da comunidade local na preparação do Boi Bumbá, nos seus três formatos, evidenciando igualmente os inúmeros saberes constituintes do Complexo Cultural do Boi Bumbá do Médio Amazonas e Parintins; e, por tudo isto, constitui Patrimônio Cultural do Brasil. Esta descrição corresponde à síntese do conteúdo do processo administrativo nº 01450.006348/2009-11 e anexos e apensos, no qual se encontra reunido um amplo conhecimento sobre esta celebração, contido em documentos textuais, bibliográficos e audiovisuais. O presente Registro está de acordo com a decisão proferida na 91º reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, realizada no dia 08 de novembro de 2018.
Data de Registro
novembro 8, 2018
Abrangência do registro
estadual
Território já identificado
AM
Localização
Livro de Registro
Instituições parceiras
UnB
Documentos
Ata de Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural (Registro) - Cultural do Boi Bumbá do Médio Amazonas e Parintins | Aviso no Diário Oficial da União - Cultural do Boi Bumbá do Médio Amazonas e Parintins | Pedido para registro de bem cultural - Cultural do Boi Bumbá do Médio Amazonas e Parintins | Pedido para registro de bem cultural - Cultural do Boi Bumbá do Médio Amazonas e Parintins | Anuência para registro de bem cultural - Cultural do Boi Bumbá do Médio Amazonas e Parintins | Certidão de registro de bem cultural - Cultural do Boi Bumbá do Médio Amazonas e Parintins | Dossiê de Registro - Cultural do Boi Bumbá do Médio Amazonas e Parintins | Parecer do Conselho Consultivo - Cultural do Boi Bumbá do Médio Amazonas e Parintins | Parecer Técnico de Registro - Cultural do Boi Bumbá do Médio Amazonas e Parintins
Mídias
Itens relacionados a este
Documentos do Processo de Registro
Bem Cultural Registrado Relacionado