O Cavalo-Marinho é uma expressão cultural que envolve performances dramáticas, musicais e coreográficas, ocorrendo principalmente durante o ciclo natalino. Concentra-se, sobretudo, na Zona da Mata Norte pernambucana e Sul paraibana e está profundamente relacionado ao contexto vivenciado pelos trabalhadores da zona rural que, no passado, brincavam o Cavalo-Marinho nos engenhos de cana-de-açúcar. Contudo, sua ocorrência não se restringe a essas localidades e ecoa também na região metropolitana de Recife e de João Pessoa, entre outros territórios do país. Os conhecimentos relacionados ao Cavalo-Marinho são transmitidos entre as gerações de forma oral e, especialmente, durante sua realização. Esta “brincadeira popular' pode ser entendida como um grande teatro no qual são representadas cenas do cotidiano, do mundo do trabalho e das vivências dos seus participantes, por meio de variado repertório musical, poesia, rituais, danças, linguagem corporal, personagens mascarados e bichos, como o boi e o cavalo - que dá nome à brincadeira. Compõem a estrutura desta Forma de Expressão, ainda, a louvação ao Divino Santo Rei do Oriente e o culto à Jurema Sagrada. O Cavalo-Marinho se realiza num terreiro de chão plano, geralmente, ao ar livre em formação semicircular com espaço para a plateia. A diversidade de elementos artístico-culturais e as inovações elaboradas pelos mestres, demonstra que este bem cultural está em constante transformação que, por meio da tradição, estabelece diálogos dos brincadores com o contexto no qual se inserem, construindo e reconstruindo identidades culturais. O valor patrimonial do Cavalo- Marinho reside na sua capacidade de comunicar temporalidades, espacialidades, identidades e elementos da cultura brasileira. Esta descrição corresponde à síntese do conteúdo do processo administrativo nº 01450.010230/2008-15 e Anexos, no qual se encontra reunido um amplo conhecimento sobre esta Forma de Expressão, contido em documentos textuais, bibliográficos, fotográficos e audiovisuais. O presente Registro está de acordo com a decisão proferida na 77º reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, realizada no dia 03 de dezembro de 2014.”
