Informações
Descrição
O jongo é uma forma de expressão afro-brasileira que integra percussão de tambores, dança coletiva e práticas de magia. É praticado nos quintais das periferias urbanas e em algumas comunidades rurais do sudeste brasileiro. Acontece nas festas de santos católicos e divindades afro-brasileiras, nas festas juninas, nas festas do Divino, no 13 de maio da abolição da escravatura. É uma forma de louvação aos antepassados, consolidação de tradições e afirmação de identidades. Tem suas raízes nos saberes, ritos e crenças dos povos africanos, principalmente os de língua bantu. São sugestivos dessas origens o profundo respeito aos ancestrais, a valorização dos enigmas cantados e o elemento coreográfico da umbigada. No Brasil, o jongo consolidou-se entre os escravos que trabalhavam nas lavouras de café e cana-de-açúcar, no sudeste brasileiro, principalmente no vale do Rio Paraíba. Trata-se de uma forma de comunicação desenvolvida no contexto da escravidão e que serviu também como estratégia de sobrevivência e de circulação de informações codificadas sobre fatos acontecidos entre os antigos escravos por meio de pontos que os capatazes e senhores não conseguiam compreender. O Jongo sempre esteve, assim, em uma dimensão marginal onde os negros falam de si, de sua comunidade, através da crônica e da linguagem cifrada. É também conhecido pelos nomes de tambu, batuque, tambor e caxambu, dependendo da comunidade que o pratica. Os tambores, feitos a partir de troncos de madeira e couro de animal, são elementos centrais no jongo, sempre reverenciados pelos jongueiros. Os instrumentos musicais que acompanham os jongueiros podem variar de um grupo para outro, frequentemente incluindo dois ou três tambores chamados de tambu e candongueiro ou de caxambu e candogueir Em alguns casos é utilizado também um tambor de fricção — uma espécie de cuíca de grandes dimensões conhecida como puíta ou angoma puíta. Enquanto elementos de ligação com as entidades do mundo espiritual, os tambores são respeitados na roda de jongo como verdadeiros representantes dessas entidades. Os tambores expressam também a conexão do jongo com outras manifestações afro-brasileiras, como a umbanda e o candomblé. Iniciado o toque dos tambores, forma-se uma roda de dançarinos que cantam em coro, respondendo ao solo de um deles. Os tambores e os batuqueiros estão sempre na roda ou perto dela. São várias as maneiras de se dançar o jongo. Sozinhos ou em pares os praticantes vão ao centro da roda, dançam até serem substituídos por outros jongueiros. Muitas vezes nota-se, no momento da substituição, o elemento coreográfico da umbigada. Um dos elementos mais marcantes do jongo é o ponto, que expressa um denso arsenal mito-poético contido na prática jongueira. Esses pontos são de natureza jocosa, de sarcasmo, de reclamação sobre maus tratos e excesso de trabalho. Outros pontos são cantados para louvar os tambores. Para abrir a roda é necessário o ponto de homenagem aos jongueiros velhos. Os pontos de demanda ou gurumenta são formas de desafio lançado entre jongueiros, com adivinhas ou enigmas que testam as habilidades de cada um em decifrar seus significados. Os conhecimentos acerca dos pontos e seus mistérios são passados de geração em geração para os novos jongueiros. O Jongo é uma importante e poética forma de resistência da cultura afro-brasileira na região sudeste. Esta descrição corresponde à síntese do conteúdo do processo administrativo nº 01450.005763/2004-43 e Anexos, no qual se encontra reunido o mais completo conhecimento sobre este bem cultural, contido em documentos textuais, bibliográficos e audiovisuais. O presente Registro está de acordo com a decisão proferida na 48º reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, realizada no dia dez de novembro de 2005.
Data de Registro
dezembro 15, 2005
Abrangência do registro
regional
Território já identificado
SP, RJ, ES, MG
Localização
Espírito Santo - ES | Minas Gerais - MG | Rio de Janeiro - RJ | São Paulo - SP
Livro de Registro
Instituições parceiras
FEC (Fundação Euclides da Cunha de Apoio Institucional à Universidade Federal Fluminense) e Pró – Reitoria de Extensão da UFF
Documentos
Ata de Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural (Registro) - Jongo no Sudeste | Parecer do Conselho Consultivo - Jongo no Sudeste | Titulação de registro de bem cultural - Jongo no Sudeste | Certidão de registro de bem cultural - Jongo no Sudeste | Aviso no Diário Oficial da União - Jongo no Sudeste | Parecer Técnico de Registro - Jongo no Sudeste | Pedido para registro de bem cultural - Jongo no Sudeste | Parecer Técnico de Registro - Jongo no Sudeste | Anuência para registro de bem cultural - Jongo no Sudeste | Dossiê de Registro - Jongo no Sudeste
Mídias
Data de Revalidação
em andamento